sábado, 3 de novembro de 2012

Polêmica - Luan Santana, não venha a Newark !


Eu não sei se você virá a Newark, Luan Santana. Não sei se lerá este desabafo em forma de crônica.

Batuco estas mal traçadas no teclado do computador e me recordo que ainda ontem vi um cartaz com a sua bonita figura, e que seu charme de estrela da canção iluminava um poste.

O cartaz resistiu ao furacão Sandy, mas não sei se você passará incólume ao desapontamento de milhares de conterrâneos seus.

Eu não sei se a sua produção permitirá sua vinda a esta cidade que você, indiretamente, desmereceu e ofendeu durante participação no programa da Eliana, há não muito tempo.

Você poderá ser vaiado e não deveria haver para um artista, castigo maior que uma vaia.

E você merece ser vaiado em Newark, Luan.

Nós não somos menores ou piores do que nenhuma outra plateia para a qual já tenha se apresentado na vida.

Não somos cidadãos de segunda classe.

Não somos audiência de terceira.

Somos tão brasileiros quanto você, e muitos de nós desejaram estar na sua companhia durante um espetáculo seu.

É óbvio que você tem o direito, como artista e cidadão de ir aonde bem entender.

Que você tem o direito de sonhar com uma plateia americana gritando o seu nome e cantando de cor as suas canções.

Que você tenha na plateia moças louras, saxônicas, se descabelando por você, menino bonito nascido no centro-oeste do Brasil, que é.

Que elas cantem na língua de Camões - com sotaque e tudo -, cada uma de suas canções mais tocadas nas rádios.

É lógico que você tem a liberdade de sonhar com os letreiros luminosos do Madison Square Garden, como um dia teve Ivete Sangalo, num momento de ilusão e glória.

Que você queira encantar os americanos como um dia encantou Tom Jobim, fazendo dueto com Frank Sinatra no templo sagrado do Carnegie Hall.

Mas não é isto o que você tem aqui nos Estados Unidos, Luan Santana. Ainda não. Sejamos lúcidos.

As suas canções não tocam nas rádios daqui.

Por mais audiência que tenha quando vai ao Mais Você, de Ana Maria Braga, ainda não o vimos com Matt Lauer, no Today Show.

Você foi quantas vez quis ao programa da Eliana, mas não existe registro de uma única passagem sua pelos seriados destinados aos adolescentes deste país, estes que primam por ter sempre uma jovem estrela da música pop na lista de convidados.

Aqui nos Estados Unidos você tem palcos acanhados, mas honestos.

Palcos menores aos seus olhos, mas que um dia foram dignificados por artistas da MPB como Djavan, Elba Ramalho e Gilberto Gil.

Por sambistas como Jair Rodrigues, Beth Carvalho e Jorge Aragão.

Por sertanejos de outra geração como Pena Branca & Xavantinho e Chitãozinho & Xororó.

Ou contemporâneos seus como Victor & Léo ou Gusttavo Lima.

Que fique claro: eu não falo em nome de ninguém.

Falo em meu nome, como imigrante brasileiro que eu sou.

E nesta condição quero lhe informar de que estou cansados de discriminação.

Que estou cansado de ser desprestigiado, preterido, colocado de lado pelo poder público deste país.

Nós – e aqui falo por uma legião - já somos humilhados cotidianamente e a maior parte de nós é chamada de “ilegal”, quando somos, na verdade, trabalhadores honestos e que, neste momento da história estamos sendo desvalorizados e perseguidos por não termos nascido aqui.

Portanto, ser esnobado por um compatriota meu, que vê na minha comunidade um público desimportante e menor, ofende e entristece.

Fique no Brasil, Luan Santana. Você não precisa de nós.

E nem nós de você.

Fonte - Brazilian Voice


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